sexta-feira, 1 de abril de 2011

Amor Sacana


O amor é sacana e ninguém está imune, ninguém confere certidão de casamento, de nascimento ou de óbito para se envolver, vai virar o rosto para os compromissos, não queremos nos apaixonar e nos apaixonamos, que coisa.
 A pessoa não presta e seguimos em frente, vimos que ela é interesseira e fechamos os ouvidos, idealizamos alguém cujo parece pertencer a nosso mundo e contrariamos os próprios conselhos porque o amor é sacana.
Contrariamos as crenças porque o amor é sacana, o amor abre até as portas deitadas, derruba as paredes do labirinto.
Acredito que existe o conto de fadas do canalha, e uma versão pornô da Alice no pais das maravilhas, percebemos que a pessoa não é flor que se cheire, fala para todo mundo da aversão ao comportamento dela, um tanto machista e presunçoso ou arrogante e incapaz, e nota que sai com diversas pessoas, uma em cada noite, a típica pessoa que sofre da infidelidade congênita, e o que ela faz? Era de se esperar que mantivesse distância, entretanto, ela se apaixona. putz, são coisas que depois não entendemos como aconteceu, não há vacina ao desejo, talvez o único remédio que o neutralize, mesmo que não cure completamente, são as pantufas.

Pantufas grandes e peludas, histéricas e velhas, afugentam a sensualidade, é o contraponto ao excitante salto alto eo uniforme.
A mulher bebe do veneno para apressar a cura. É tomada de uma fúria santa, doida, inexplicável pelo canalha. A hostilidade atrai, inquieta, desestabiliza. Não, ela não deseja o canalha, é capaz de desejá-lo durante uns dias, pela vida inteira não. Aspira à conversão. Assume um misticismo sexual. Calcula uma saída à geometria de músculos e fúria, como se ele fosse um cavalo selvagem a ser contido pela sela. Confia que será diferente com ela.
Ela salvará o canalha. Ele foi canalha porque não a conheceu antes. Canalha Antes de Cristo, já cogita casamento e filhos, uma casa com pátio ou um apartamento com varanda. Aposta alto com as armas que dispõe, o ciúme e a posse. Bate ainda um orgulho competitivo de mostrar às ex do canalha que conseguiu corrigi-lo. Só mulher entende esse duelo de memórias, essa vingança velada e implícita.
O canalha tampouco ambiciona ser viúvo de seus vícios. Espera receber alta, pode não conseguir, pode tentar e fracassar. Dorme pouco para não perder a chegada da paz de manhã. Espera uma paixão redentora para reaver a adolescência e voltar a sentir o tremor das pernas. Anseia superar a indiferença que o impele a dispensar as mulheres e abreviar os relacionamentos.
Aguarda ter novamente a insegurança das palavras, o risco de ser magoado e magoar. O canalha está cansado de sua reputação, do esforço para manter a fama de cafajeste, da rotina de não se importar.
É difícil, é raro, duro de suportar, mas o maior amor, o amor mais leal e puro, pode vir de um canalha arrependido, e o amor, ainda serás sacana.

Às vezes nos relacionamos com alguém que agente diz amar, mas esse relacionamento nos traz mais dor do que amor, e muitas pior, o medo de perder essa pessoa não é mais o sentimento que temos por ela, e sim o medo de ficar sozinho(a), a frieza, o desprezo, o descaso... entre outras coisas que aquela pessoa passa pra nós nos agride aos poucos fazendo perder o nosso valor pessoal, nosso amor próprio e até mesmo a vontade de viver e ainda a chance de amar verdadeiramente e ser amado.
Amor que agente julga sentir por alguém que nos faz sentir assim, triste, desprezado..inferior..mas não é amor, é pra ser sentido por ambas as partes é pra nos fazer felizes e melhor até do que realmente somos e ao nos prender nesse tipo de relacionamento, estamos nos auto-destruindo.
Quem nunca sofreu tal decepção, uma facada no coração, o rasgando totalmente, sendo iludido, enganado, alimentando falsas esperanças, brincadeiras com os sentimentos, nunca terminam de forma desejavel.
Porque a repulsa do outro só vai prejudicar a nós mesmos, aquela relação mais cedo ou mais tarde terminaria, e as feridas deixadas seriam bem mais profundas que a do afastamento, isso você pode ter certeza.
“O amor não passa de um sentimento sacana, enche nossos corações de flores sabendo que flores murcham. É isso. O amor é uma flor. E flores murcham.”

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