quinta-feira, 17 de março de 2011

Desejo Contemporâneo

As relações afetivas estão passando por profundas transformações e revolucionando o conceito do amor.
O que se busca hoje é uma relação compatível com os tempos modernos, na qual exista individualidade, respeito, alegria e prazer de estar junto, e não mais uma relação de dependência, em que um responsabiliza o outro pelo seu bem-estar.

A idéia de uma pessoa ser o principal elemento para nossa felicidade, que nasceu com o romantismo, está fadada a desaparecer neste início de século, o amor romântico parte da premissa de que somos uma metade e precisamos encontrar nossa outra metade para nos sentirmos completos e muitas vezes ocorre até um processo de despersonalização que, historicamente, tem atingido mais a mulher.

Ela abandona suas características, para se amalgamar ao ser masculino e a teoria da ligação entre opostos também vem dessa raiz, ou seja, o outro tem de saber fazer o que eu não sei.
Se sou manso, ela deve ser agressiva, e assim por diante, é mais uma idéia prática de sobrevivência, e pouco romântica, por sinal, estamos trocando o amor de necessidade, pelo amor de desejo.
Eu gosto e desejo a companhia, mas não preciso, o que é muito diferente, com as exigencias de mais tempo individual, as pessoas estão perdendo o pavor de ficar sozinhas, e aprendendo a conviver melhor consigo mesmas, elas estão começando a perceber que se sentem "metade", mas são inteiras.

O outro, com o qual se estabelece um elo, também se sente uma "metade".
 A nova forma de amor, ou mais amor, tem nova feição e significado, ela visa a aproximação de dois inteiros, e não a união de duas metades, e ela só é possível para aqueles que conseguirem trabalhar sua individualidade... quanto mais o indivíduo for competente para viver sozinho, mais preparado estará para uma boa relação afetiva, a solidão é boa, ficar sozinho não é vergonhoso, ao contrário, dá dignidade à pessoa, as boas relações afetivas são ótimas, são muito parecidas com o ficar sozinho, ninguém exige nada de ninguém e ambos crescem.

Relações de dominação e de concessões exageradas são coisas do século passado, cada cabeça é única e nosso modo de pensar e agir não serve de referência para avaliar ninguém.
Na solidão, o indivíduo entende que a harmonia e a paz de espírito só podem ser encontradas dentro dele mesmo, e não à partir do outro e ao perceber isso, ele se torna menos crítico e mais compreensivo quanto às diferenças, respeitando a maneira de ser de cada um.
O amor de duas pessoas inteiras é bem mais saudável  nesse tipo de ligação, há o aconchego, o prazer da companhia e o respeito pelo ser amado.

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